20/04/2016 12h30 - Atualizado em 20/04/2016 12h33

O amigo da onça e a identificação de riscos em projetos

Conta o causo popular que dois amigos, "caipiras" típicos, conversavam durante uma pescaria em um riacho que cortava a mata:

- Ô cumpádi! Se aparecesse uma onça aqui agora... Qui qui ocê fazia?
- Ah, cumpádi! Pegava ligêro minha garrucha e acertava ela no meio do zóio!
- E se a garrucha faiássi?
- Dava uma coronhada bem forte nela, cumpádi!
- Mas cumpádi... e se a garrucha escorrega da sua mão?
- Ah! Aí intão eu pegava o facão e cortava o côro da bicha!
- Mas e se ocê esqueceu o facão?
- Humm. Aí eu corria mêmo, cumpádi!
- E se ela corresse atrás docê?
- Eu subia rapidim numa árvore...
- Ô cumpádi! Onça é bicho esperto. E se ela subisse atrás docê?
- Cumpádi!! Me diz uma coisa aqui... OCÊ É MEU AMIGO...? OU É AMIGO DA ONÇA!?!?

Essa historinha conta a origem da expressão "amigo da onça". E ilustra também uma técnica muito útil para a identificação de riscos em projetos: What if? (e se?)

Trata-se de uma técnica bastante intuitiva e de fácil aplicação. A equipe tem condições de, em um espaço curto de tempo, identificar uma série de possíveis problemas em relação ao projeto. É também flexível, pois pode ser usada em conjunto com outras técnicas.
Como conduzir?

O Gerente do Projeto pode conduzir uma sessão de brainstorming com toda a equipe e principais stakeholders para que todos possam contribuir, levantando questões "e se...?" Pode-se também separar um grupo grande em grupos menores. Após cada grupo "esgotar" sua criatividade e não conseguir mais listar novos "e se", compartilha-se essas informações com os demais.

Exemplos muito comuns: e se faltar energia? e se chover em excesso durante o evento? e se for deflagrada uma greve? e se a cotação do dólar subir a 'xx reais'? e se um palestrante perder o vôo para o congresso? e se os equipamentos de sonorização falharem? E se.....? Já deu pra entender, né? :)

Observe que não foi feita ainda uma avaliação de causa e consequência de cada item levantado. Geramos volume de possibilidades para, logo em seguida, refinar essas informações, identificando também essas causas e consequências.

Destaco também que, como outras técnicas para identificação de riscos, quão mais experiente for a equipe, melhores serão os resultados. Como costumo dizer: cabelos brancos valem ouro na gestão de projetos!

Sobre o autor:

Marcus Gregório Serrano

Presidente Anterior Imediato no PMI Espírito Santo - Diretor Executivo na Macrogestão Consultoria e Ensino. Docente em cursos de capacitação, graduação e pós-graduação há 12 anos. Atua em atividades (consultoria e assessoria) ligadas a planejamento estratégico, gerenciamento de projetos, implantação de Escritório de Projetos (PMO) e metodologias de gerenciamento de projetos, dentre outros.

Tópicos:
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