01/04/2020 16h52 - Atualizado em 05/10/2021 09h19

Responder a mudanças mais que seguir um plano

O título deste artigo é muito familiar, pois trata-se um valor ágil. Está escrito no manifesto. Não significa que não vamos ter um plano, ou ainda que não vamos segui-lo. A questão chave é que se tivermos que escolher entre aplicarmos uma mudança para gerar valor para o cliente, ou seguir cegamente um plano, vamos optar sempre pela primeira opção.

A princípio isso, para o gerenciamento tradicional isso pode soar um pouco estranho: Mas nunca teremos o escopo fechado? Como vou entregar a composição de custos deste projeto ao meu cliente? Mudar sai caro, vou ter que mudar toda hora? E a definição dos requisitos, não está fechada? Mas nós temos a assinatura no termo de abertura.

As mudanças são inevitáveis dentro de um projeto. O gerenciamento tradicional foca no acompanhamento do plano, e principalmente nas restrições de escopo, tempo e custos. O sucesso é medido pela adequação a estas variáveis, deixando para segundo plano a satisfação e o valor para o cliente. No gerenciamento ágil, estamos focados em receber e assimilar as mudanças da melhor forma, conscientes de que elas irão acontecer.

No ágil, vamos inverter a prioridade. A meta é gerar valor e entregar sempre produtos com qualidade. De preferência ao final de cada sprint, para que o cliente possa participar da construção do produto e oferecer feedback frequente. No gerenciamento tradicional a entrega é feita no final e a prioridade é seguir o plano, guiado pelas restrições.

A adaptação do processo e a inspeção do produto são pilares fundamentais para as boas práticas ágeis. Ao final de cada sprint, o time se reúne com o cliente para obter as considerações e ouvi-lo. As mudanças podem ocorrer neste momento, mas precisamos desconstruir o mito de que não há controle. O Product Owner participa e conversa. Negocia se o que o cliente está pedindo faz ou não sentido. Não é só entregar o que o cliente quer, vamos entregar o que ele precisa.

Trazendo para o cenário prático, o que vai determinar um de seus diferenciais no gerenciamento de projetos é a sua capacidade de se adaptar as mudanças. O quão rápido você consegue reagir e flexibilizar seu time para atender uma demanda não antes prevista?

A Declaração de Interdependência diz que “Esperamos incertezas e gerenciamos levando-as em conta, por meio de iterações, antecipação e adaptação.”, ou seja não vamos seguir um plano obsoleto só porque está escrito lá, se tivermos que mudar, isto será feito conforme necessário.

Ainda na Declaração de Interdependência temos a seguinte afirmação “Entregamos resultados confiáveis, engajando os clientes em interações frequentes e propriedade compartilhada”. Isto amplia a participação do cliente, engajando como parte do time, como um colaborador. Diferente do tradicional que o cliente só participa no início quando impõe um requisito, e no final quando recebe o produto, no ágil ele é parte fundamental na construção.

Para finalizar, segue abaixo a conhecida pirâmide das restrições no gerenciamento tradicional e a mudança para o gerenciamento ágil:

Restrições são importantes variáveis, mas não são a meta do projeto.

Vamos tornar o Mundo mais Ágil. Até o próximo artigo!

Para saber mais:

Manifesto Ágil: http://agilemanifesto.org/

Declaração de Interdependência: http://pmdoi.org/

Sobre o autor:

Rodrigo Zambon

Servidor público efetivo no Governo do Estado do Espírito Santo, tendo participado de grandes projetos estruturantes ligados a saneamento e obras públicas. Multiplicador da disciplina Gerenciamento de Projetos e Planejamento Estratégico na Escola de Governo (ESESP), e atua como coach nos diversos órgãos públicos e autarquias.

Tópicos:
scrum
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